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Caio Ribeiro

uso, com certa frequência,

força desmedida

em certas

coisas


ao corte da magra cenoura

entrego uma cicatriz nova

a tábua que a segura


ao esfregar o rosto

eu o esfolo

na tentativa de limpá-lo


na louça, já

parti um copo em

dois

e fundei uma cavidade no dedo

apenas tentando

lavá-lo.


acontece que ainda assim

há um outro emprego da força

mais desmedido e

descomunal


quando, no meio da tarde

golpeio na cabeça

o silêncio

que tenta

nascer.

Caio Ribeiro

pra onde foi

a folha que você

foi?


ela se foi?


onde se

esconde

a onda

que você

anda?


onde?


ontem.

Caio Ribeiro

a sua volta

tudo dança

apesar

da falta de luz

do espaço tão pouco

dos miúdos mínimos de

música

apesar das coisas más que te disse

e das coisas boas que não fui capaz

tudo

tudo

ainda insiste

em dançar

a sua volta.


talvez

e


só talvez


eu seja mesmo

merecedor

de tamanho

calor.


mas se não

por favor

dance comigo

pelo menos

esta noite.

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